sábado, 20 de fevereiro de 2010

Leonardo di Caprio

Eu tenho uma coisa esquisita, acho que um monte de gente tem isso, que é o pensando encadeado. O pensamento encadeado se manifesta só na minha cabeça (dã) e me leva a pensar em um monte de coisas, que interligadas acabam por fazer sentido. A grande moral é que o que desencadeia o pensamento encadeado é uma coisa geralmente completamente nada a ver, tosca mesmo. Acabou de acontecer.

Grande parte das pessoas que me conhecem sabem que eu não tenho a melhor relação do mundo com o meu irmão. É uma verdade, infelizmente. Em algum ponto da nossa transição infância-adolescência-vida adulta aquela coisa de "mano", "mana" se perdeu. Hoje a gente conversa o essencial. Infelizmente.

Agora há pouco eu estava lendo uma notícia no Omelete que diz que o Leonardo di Caprio vai representar Frank Sinatra no cinema. Se vai mesmo acontecer, não importa. O que importa é que o Leonardo di Caprio me faz ter uma lembrança boa e ao mesmo tempo triste da minha infância-adolescência.

Eu devia ter uns 12, 13 anos quando estourou o sucesso Titanic nas telas dos cinemas. E claro, 99% das adolescentes da época eram apaixonadas pelo Leonardo di Caprio. Tudo bem, eu não achava ele lá essas coisas, mas gostei do filme. O meu irmão,na época, devia ter 12 anos e nessa época ele viu todas as colegas dele ensandecidas por esse ator.

E chega o meu aniversário. Dia 6 de maio. No meio da comemoração de família, que sempre foi bastante simples, ele pediu pro meu pai levar ele de carro em algum lugar. Na volta, um pacote enrolado numa sacola plástica que ele, envergonhado, jogou no meu colo, dizendo um "Feliz Aniversário". Abro e o que vejo: uma camiseta de mangas compridas com a foto do Leonardo di Caprio estampada na frente.

Na hora eu não entendi muito bem, até falei, quando mexeram comigo, que eu nem gostava do tal do Leonardo di Caprio... Mas hoje eu entendo. Ele quis me agradar. Ele quis demonstrar que ele gosta(va) de mim. E sempre que eu me lembro da carinha rechonchuda dele jogando aquele pacote no meu colo, eu tenho vontade de chorar. Por nesses momentos eu percebo que um dia ele gostou de mim, que a gente foi irmão e irmã de verdade.

Hoje eu também penso no que é a nossa relação e também tenho vontade de chorar. Porque o pouco que a gente tinha se perdeu.

Enfim: pensamento encadeado + Leonardo di Caprio = boas e melancólicas lembranças de família :-)