quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A troca

Muita gente se surpreende com as escolhas profissionais que eu fiz há alguns meses. Pra você que não me conhece ou que conhece e pensa "Eu não acredito que ela fez isso!" eu explico:

No começo do ano, eu estava trabalhando na Trace. Depois de cerca de um ano e meio trabalhando lá, e já sentindo há alguns meses uma enorme vontade de mudar, fui atrás de novas oportunidades. Surgiu a TW. O sonho de empresa. Métodos ágeis, projetos dinâmicos, e a chance de melhorar ainda mais o meu inglês (acreditem ou não a possibilidade de viajar nem era o maior dos benefícios pra mim). Depois de duas semanas em processo seletivo (gente, eu fiquei no feriado do carnaval implementando o desafio de programação...), mil entrevistas (técnicas, de valores pessoais, e até uma por telefone com um fodão lá de San Francisco) e uma proposta de salário que não era das mais interessantes eu comecei a trabalhar na ThoughtWorks.

Nesse meio tempo eu fiz o concurso pra Procergs. Eu nem estava a fim de fazer a prova... Saí de casa naquele domingo de manhã cedinho e fui caminhando pela Érico até o colégio Protásio Alves. Juro que eu não estudei. Estava de aviso prévio na Trace e prestes a começar na TW e afinal de contas, quem ia querer sair da TW? O pessoal se matando pra entrar na empresa e eu com eles só me esperando... Mas pensei na inscrição do concurso que tinha sido cara, e incentivada pelo Gatinho lá fui mostrar o que sabia. E quando as coisas tem de ser, elas são. Eu passei.

E agora? O que fazer? O tempo foi passando, minha vez de ser chamada se aproximando e duas grandes contradições se estabeleceram na minha vida. O que fazer? De um lado a idéia de ter uma carreira "brilhante" na TW, viajar, conhecer um monte de gente inteligente. De outro lado, trabalhar perto de casa, ter mais tempo, trabalhar em um horário melhor, fazer o que realmente gosto (desenvolver - sim, TW eu estava trabalhando com testes. E sim, eu sou mulher e não gosto de trabalhar com testes.).

Imaginei como seria quando o Cabidinho ou a Jamilinha chegassem. E aí percebi que o que mais importava pra mim não era uma carreira internacional espetacular. Eu sempre planejei ser uma mulher de negócios de sucesso (porque teoricamente isso estava dentro do que eu podia controlar um se-então), mas nos meus sonhos juvenis nunca tinha imaginado que um dia encontraria o que 99,999% da população procura: felicidade no amor.

E percebi que o mais importante pra mim não seria viajar pros Estados Unidos todo o mês. Eu queria poder cuidar da minha casa, cuidar do meu marido, cuidar da minha família. E não adianta me dizer que sim, que é possível, porque não tem como a pessoa trabalhar das 10:00 às 19:48 (mais tempo de deslocamento entre casa e trabalho), dar conta das tarefas de casa e ainda ser a esposa cheirosa e maravilhosa e mãe zelosa que eu gostaria de ser. Às vezes mulheres que trabalhavam menos do que eu hoje não conseguem, imagina se eu trabalhar ainda mais?

Eu pensei em todas as coisas que vivi até o momento, e cheguei à conclusão que nenhuma carreira pode ter mais valor do que ter uma família. Nada. Não tem preço. Podem dizer que eu sou Amélia (o que seria uma inverdade, já que vaidade é dos meus maiores pecados), que retroagi no tempo. Eu não ligo. Não pode ter prazer melhor do que ver alguém feliz devido a algo que tu tenha proporcionado de coração aberto. E eu escolhi minha família.

Ok, é verdade, não vou virar dona de casa de casa em tempo integral! Também não tenho vocação pra tanto :-P Mas escolhi um emprego em que posso me dedicar um pouquinho mais à minha casa, à minha família (e à mim também) e fazer o que gosto de fazer. E ainda de quebra consegui uma academia bem pertinho do trabalho onde posso nadar, algo que sempre tive vontade de aprender.

Faz dois meses que eu estou trabalhando na Procergs e, apesar de toda a transição ser um pouco triste, de modo algum me arrependi da minha escolha. Eu estou realmente feliz :-)